Estudo da ABBI mostra que Bioeconomia pode gerar US$ 592,6 bi ao ano

A implementação de novas tecnologias ligadas à bioeconomia tem o potencial de injetar US$ 592,6 bilhões ao ano no Brasil e reduzir as emissões de gases estufa no país em 28,9 bilhões CO2eq em 30 anos (2020 a 2050), uma redução que pode chegar a 65% das emissões atuais. Os números constam da nova versão do estudo “Identificação das Oportunidades e o Potencial do Impacto da Bioeconomia para a Descarbonização do Brasil”, feita pela Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI), Instituto SENAI/CETIQT (Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil) Embrapa Agronenergia e Laboratório Cenergia (UFRJ). A pesquisa foi apresentada pela ABBI durante a 28ª Conferência das Nações Unidas Sobre Mudança do Clima (COP28), em Dubai, na segunda-feira (4/12).

O estudo avaliou mais de 20 rotas tecnológicas e mais de 22 produtos da bioeconomia, de forma regionalizada, levando em consideração a eficiência energética, potencial de descarbonização, desmatamento zero, investimento e receitas. Os resultados foram construídos e validados com a participação do setor privado no processo de seleção de novas tecnologias com maior potencial técnico, econômico e ambiental. A pesquisa será publicada na íntegra nas próximas semanas, no site (www.abbi.org.br) e nas redes sociais da ABBI.

“A atualização destaca a vocação natural do Brasil para liderar a revolução tecnológica centrada na produção de baixas emissões de carbono. Este potencial não apenas impulsionará o desenvolvimento econômico, mas também gerará empregos de forma descentralizada, representando uma oportunidade única para o país”, explica o presidente executivo da ABBI, Thiago Falda.

Para os biocombustíveis, o potencial de produção seria de 570 milhões de metros cúbicos em 2050, que gerariam receitas anuais de US$ 234 bilhões. Para a cadeia de bioquimícos, a quantidade produzida em 2050 seria de 14 milhões de toneladas, gerado uma receita de US$ 34 bilhões por ano. Para a cadeia de proteína alternativas para 2050, o potencial de produção é de 9,8 milhões de toneladas, gerando uma receita anual de US$ 114 bilhões por ano.

Ao somarmos todos esses setores e incluirmos os biosumos e a recuperação de áreas degradadas disponibilizadas com a produção e consumo de produtos da bioeconomia, é possível recuperar 117 milhões de hectares no Brasil. Com essas ações, o potencial de descarbonização acumulado em 30 anos (2020-2050) seria possível reduzir aproximadamente a emissões em 29 bilhões de toneladas de CO2 equivalente, o que corresponderia a preservar até 248 milhões de hectares de florestas nativas, e recuperar mais de 117 milhões de hectares de áreas degradadas. Para que isso ocorra, serão necessários US$ 257 bilhões em investimentos que gerarão US$ 593 bilhões em receitas anuais até 2050.

Aprofundando-se em relação à análise anterior, a pesquisa destaca não apenas as tecnologias de aplicação imediata, mas também aquelas com menor maturidade, cujo potencial impacto se manifestará a longo prazo. Em um esforço para uma abordagem mais abrangente, o estudo incorporou oportunidades ligadas à biodiversidade brasileira, anteriormente não contempladas. Essas alterações elevaram, de US$ 392 bilhões, para US$ 592,6 bilhões o incremento potencial do setor à economia brasileira devido à utilização de tecnologias como bioinsumos (inoculantes agrícolas), proteínas alternativas, hidrogênio verde, biometano, beneficiamento da macaúba e biorrefinarias.