Espaço BioInova impulsiona o empreendedorismo e a inovação no mercado de bioinsumos

Empreendedores, cooperativas, pesquisadores e importantes nomes do setor de bioinsumos de todo país participaram de mais uma edição do Espaço BioInova, durante o 32º Congresso Brasileiro de Microbiologia, em Foz do Iguaçú (PR), entre 18 e 20 de outubro. O projeto tem o intuito de alavancar o setor por meio da capacitação de profissionais, do intercâmbio de ideias e do incentivo ao desenvolvimento de projetos inovadores em um mercado que movimenta cerca de R$ 3 bilhões por ano no país.

A iniciativa é um trabalho conjunto do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), da Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI), do Instituto Senai de Inovação em Biossintéticos e Fibras (SENAI CETIQT), com parcerias do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o apoio do Instituto Interamericano de Cooperação para Agricultura (IICA).

Quarto maior consumidor mundial de fertilizantes, o Brasil importa cerca de 85% de sua demanda, o que demonstra a importância do impulsionamento à produção de Bioinsumos que auxiliem à operação nacional com maior independência do cenário internacional. “O Brasil tem recursos genéticos importantes que são matéria prima para os bioinsumos, além de investimento em inovação: muitos pesquisadores, inclusive a Embrapa, pesquisando bioinsumos, microrganismos que podem contribuir tanto paro o solo quanto para o controle biológico de pragas, diminuindo a necessidade de usar produtos químicos. Dessa maneira, também se diminui a dependência por fertilizantes importados”, explicou a coordenadora geral de Biooeconomia e Recursos Genéticos do Mapa, Valéria Martins.

Com o intuito de ser um diferencial nesse desafio, o BioInova tem sido realizado nos principais eventos ligados à bioinovação no país e promove a conexão entre academia, mercado e empreendedores ligados ao setor, para criação de um ambiente em que empresas, ICTs, startups e estudantes possam apresentar pesquisas, competências e responder a desafios e problemas propostos pelo mercado.

Para o diretor de Assuntos Regulatórios e Científicos da ABBI, Marcus Pupin, a biodiversidade do Brasil é um diferencial rumo à transição para a economia de baixo carbono. “Os bioinsumos substituem derivados de produtos fósseis, são renováveis e trazem menor impacto ao meio ambiente. Espaços como o BioInova propiciam uma série de informações e dados técnicos para que o uso desses produtos seja estimulado”, explica Pupin.

Na última edição do BioInova, foram oferecidos workshop e mesa redonda, além de atividades como painéis interativos e matchmaking. Os painéis debateram de forma dinâmica e interativa temas relevantes ao setor que busca constante inovação e cooperação de políticas públicas que promovam uma agricultura produtiva, regenerativa e de baixo carbono. Tendências para futuras startups também estiveram em pauta. Para Giuliana Marques, do Mapa, uma das organizadoras do espaço, “o mais importante é a promoção de diferentes olhares sobre os bioinsumos, que alavancam uma agricultura regenerativa, modelo diferencial para que o Brasil entregue segurança alimentar para o mundo”.

No espaço matchmaking, foi possibilitada a criação de – novas – redes por grupos de interesse ligados aos bioinsumos. Os participantes se uniram para uma conexão e troca de experiências. O objetivo é a criação de um fórum de ideias para discutir soluções inteligentes, abrangendo também o acesso aos bioinsumos aos pequenos produtores e a agricultura familiar.

No oeste do Paraná, a Unioeste trabalha com bioinsumos por meio de pesquisas em laboratório, o que, segundo a estudante de pós graduação Débora Maria, um mercado que respira inovação. “Quanto mais conhecimento tivermos dentro do laboratório, melhor o produto desenvolvido”, resumiu Débora.

A criação de ambientes colaborativos como o espaço BioInova “é o exemplo vivo do potencial de interação entre academia e o setor produtivo no desenvolvimento de bioinsumos agrícolas. Por meio desses espaços de matchmaking, colocamos produtores, acadêmicos, startups, associações e órgãos de fomento para discutir, trocar experiência e principalmente fomentar o desenvolvimento sustentável da agricultura do país”, destacou Rodrigo Cano, do Senai CETIQT. Já para Luana Nascimento, pesquisadora (Senai CETIQT), “o produto que está no final da cadeia é proveniente de uma pesquisa de base, ou daquilo que se desenvolve dentro da universidade. A ideia é justamente fazer com que os acadêmicos participantes pensem e desenvolvam suas pesquisas na intenção de criar um produto final”.

Kenya Faggioni participou do espaço Bioinova representando a empresa onde trabalha, Koppert, que tem como foco a proteção biológica das culturas. “O setor de pesquisas e desenvolvimento traz novas soluções para novos problemas que surgem na agricultura. Hoje se tem uma praga, e amanhã pode-se ter outra. Então, é necessário desenvolver novos produtos, sempre. A pesquisa e o desenvolvimento são importantes para abrir o maior leque possível de opções de controle biológico dentro da agricultura”, defendeu.

Cooperação
O Espaço Bioinova faz parte do Projeto de Cooperação Técnica Internacional para a “Modernização da Gestão Estratégica do Mapa para aperfeiçoar as políticas públicas de promoção do desenvolvimento sustentável, segurança alimentar e competitividade do agronegócio”, apoiado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para Agricultura – IICA (PCT/BRA/IICA/16/001).

Como parte do projeto, Mapa, ABBI e SENAI CETIQT publicarão, até o fim do ano, os resultados do Estudo Estratégico de Bioinsumos para o Uso de Fertilizantes em Gramíneas. A pesquisa focará estratégias que possam ser adotadas para o desenvolvimento e a ampliação do uso de insumos de base biológica associados à fixação biológica de nitrogênio e à solubilização de fósforo e potássio, entre outros, reduzindo a dependência da agricultura brasileira de fertilizantes importados e contribuindo para o desenvolvimento de uma agricultura de baixo carbono.

Bioinsumos
São produto, o processo ou a tecnologia de origem vegetal, animal ou microbiana, destinado ao uso na produção, no armazenamento e no beneficiamento de produtos agropecuários, nos sistemas de produção aquáticos ou de florestas plantadas, que interfiram positivamente no crescimento, no desenvolvimento e no mecanismo de resposta de animais, de plantas, de microrganismos e de substâncias derivadas e que interajam com os produtos e os processos físico-químicos e biológicos.