Entrevista com Cleber Soares, Diretor de Inovação do MAPA




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ABBI: O ano de 2019 foi recheado de lançamentos de novos produtos baseados em proteínas alternativas. Substitutos de carne e ovos foram lançados, assim como aumentou o número de substitutos de leite e derivados feitos a partir de plantas. Como o Sr. vê esta consolidação do mercado de proteínas alternativas no Brasil e o que espera para este ano e o próximo, considerando os cenários de pandemia e pós-pandemia?

Cleber Soares: O mercado global de proteínas alternativas tem crescido a dois dígitos nos últimos três anos, impulsionado especialmente pelos alimentos plant-based. No Brasil esse crescimento não é diferente, o mercado está em pleno desenvolvimento, estamos acompanhando a evolução desde startups até grandes companhias de alimentos, desenvolvendo novos produtos, distribuindo via varejo e fazendo chegar ao consumidor uma diversidade de produtos plant-based (hambúrger, almôndegas, salsichas, substitutos do leite, substitutos do ovo, e outros produtos). Para 2020 há uma expectativa de crescimento de pelo menos 30% deste mercado no Brasil. Com a pandemia de Covid-19 os pressupostos associados à segurança alimentar e segurança dos alimentos crescem surpreendentemente. Os consumidores buscam mais alimentos alternativos, mais nutrição, mais saúde e mais qualidade de vida. Os alimentos plant-based entregam esses valores!

 

ABBI: Diferentes tecnologias disputaram e continuam disputando espaço nas agendas de desenvolvimento de produto das empresas que atuam no mercado de proteínas alternativas. Ao lado dessa agenda tecnológica, o aumento do volume de negócios trouxe à mesa os debates em torno da regulação destes produtos. Como o Sr. vê os desafios para esta agenda regulatória? Como o governo brasileiro pretende se engajar nisso?

Cleber Soares: Não são só grandes empresas que estão nessa agenda, médias, pequenas e muitas startups e agtechs estão nascendo com o propósito de desenvolver e ofertar alimentos plant-based. A agenda de alimentos alternativos, especialmente plant-based, já está posta, é uma dinâmica de mercado – o mercado rege a dinâmica-, o consumidor já tem amplo acesso a essas tecnologias. Precisamos e estamos fortalecendo esse ecossistema por meio de incentivos nos ambientes de inovação, na ciência e tecnologia, no fomento de recursos em parceria com órgãos de fomentos como o MCTI, a FINEP, o CNPq, fundos de investimentos e grandes empresas apoiando, na construção de uma visão com players importantes como o GFI (The Good Food Institute) dentre outras oportunidades que superarão esses desafios. Estamos trabalhando para termos ainda este ano um programa que traga além de estímulo, as diretrizes e linhas direcionadoras para desenvolvimento deste segmento. Os ajustes regulatórios devem vir para profissionalizar e da robustez ao setor, e ofertar qualidade e segurança para o consumidor.

 

ABBI: Grande produtor e consumidor de produtos de origem animal, com uma estrutura logística de distribuição montada tanto para o mercado interno quanto para exportação e dono de uma robusta capacidade de inovação tecnológica através de suas universidades, centros de pesquisa e da própria Embrapa. Isso é o Brasil do agronegócio. Como o Sr. vê o papel do país no cenário mundial dos negócios baseados em proteínas alternativas num futuro próximo?

Cleber Soares: Food Tech, no sentido amplo, é um tema que deve estar no topo da agenda de toda nação. O mundo agrícola e da alimentação é movido por proteínas. Sejam elas embarcadas na carne bovina, de frango, de suíno, no filé de peixe, no ovo, no copo de leite, no queijo ou em grãos de soja, feijão, ervilha, lentilha etc. Mas, a captura de valor sobre um elo ou segmento de uma cadeia produtiva é tanto maior quanto mais à ponta ele está. O Brasil é líder na produção e no mercado global de proteínas lato sensu. Não tenho dúvidas que os próximos grandes saltos nos negócios agrícolas brasileiros serão em proteínas alternativas. O mercado está posto, alguém precisa ocupá-lo.

 


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