Reunindo representantes dos setores público e privado, parlamentares e especialistas, a Associação Brasileira de Biotecnologia Industrial (ABBI) promoveu, nesta terça-feira (4), em Brasília, o debate “Bioeconomia no G20: balanço e perspectivas”. O evento destacou tanto o papel crucial do Brasil na promoção do tema quanto os desafios globais que precisam ser enfrentados para um desenvolvimento sustentável e inclusivo.
Na abertura do evento, os convidados evidenciaram o papel estratégico do Brasil na promoção de um desenvolvimento sustentável e inclusivo. Segundo o presidente executivo da ABBI, Thiago Falda, 60% dos atuais insumos industriais poderiam ser produzidos a partir de recursos biológicos. Ele destacou ainda que a bioeconomia poderia dobrar a produtividade da indústria química e aumentar em mais de 18 vezes a produção de biocombustíveis até 2050.
Em relação ao meio ambiente, Falda também mencionou o potencial da bioeconomia para remover 29 gigatoneladas de CO2 equivalente, o que corresponderia a 200 milhões de hectares de floresta plantada, ou 20% do território nacional. “O futuro é bio. O combustível do futuro é um biocombustível. A indústria do futuro é a bioindústria. O sucesso do Brasil é bio”, resumiu.
O novo presidente da Frente Parlamentar da Bioeconomia, deputado federal Aliel Machado (PV-PR), por sua vez, destacou a importância de o governo considerar a agenda ambiental como prioritária após anos de atraso. “Separar a agenda ambiental da agenda econômica é um erro. Temos caminhos possíveis para atender às desigualdades e às mudanças nos modos de consumo e produção”, afirmou. O deputado enfatizou ainda a necessidade de dedicação à pauta ambiental e ao combate às desigualdades, apontando que essas questões estão interligadas com saúde, educação e outras áreas sociais.
Relações Exteriores
Em sua exposição, o coordenador geral de Desenvolvimento Sustentável do Ministério de Relações Exterior/Itamaraty, Vicente Araújo, ressaltou a importância do Brasil na liderança do debate sobre o tema, e apresentou o trabalho da Iniciativa em Bioeconomia do G20.Ele mencionou que 21 organizações internacionais estão envolvidas no processo de desenvolvimento do setor e que a FAO e a OCDE pretendem realizar eventos para discussão do tema.
No âmbito do G20, Vicente Araújo acredita no potencial para se alcançar sobre a bioeconomia, na reunião do grupo marcada para novembro, no Rio de Janeiro. “A bioeconomia é uma questão universal, abrangente e transversal. Estamos investindo tempo para criar um entendimento coletivo e avançar neste debate internacionalmente. O Brasil está bem posicionado para esse futuro, combinando ciência moderna e conhecimento tradicional para promover uma economia sustentável e inclusiva”, finalizou.
A secretária Nacional de Bioeconomia do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Carina Pimenta, chamou a atenção para a restauração produtiva e ecológica, que pode beneficiar o mercado econômico, e para o uso sustentável da biomassa. “Investir em ciência, tecnologia e inovação é fundamental para abrir novos campos profissionais e fortalecer a economia brasileira. A bioeconomia oferece uma oportunidade única de equilibrar crescimento econômico com preservação ambiental, valorizando nosso capital cultural e ambiental de forma sustentável”, disse, destacando o valor do mercado de ciência, tecnologia e inovação para o desenvolvimento sustentável do país.
Secretário da Economia Verde do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Rodrigo Rollemberg, enfatizou a importância do assunto do dia para o país. Ele defendeu uma bioeconomia que beneficie as comunidades locais e transnacionais, atendendo às metas de avanço das energias renováveis. Com 80 milhões de hectares de pastagens degradadas, Rollemberg propôs triplicar as energias renováveis até 2030 e ampliar a produção de biocombustíveis, promovendo a descarbonização do setor.
“A bioeconomia é uma agenda estratégica para posicionar a indústria brasileira como líder global. Substituindo insumos químicos por biológicos, podemos desenvolver novas tecnologias e produtos inovadores, aumentando a competitividade do Brasil no mercado internacional. Essa transformação atende aos interesses nacionais, criando oportunidades para a indústria e promovendo o crescimento econômico sustentável.”, disse Rollemberg.