A Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI) publica nesta sexta-feira (8), a íntegra da segunda versão do estudo “Identificação das Oportunidades e o Potencial do Impacto da Bioeconomia para a Descarbonização do Brasil”. O documento completo foi disponibilizado tendo em vista a reta final dos preparativos para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP29). O estudo auxiliará a comitiva brasileira na COP 29, nas negociações sobre temas como mitigação, instrumentos de mercado (mercado regulado de carbono), financiamento climático e transição justa.
O trabalho foi desenvolvido em parceria com o Instituto SENAI/CETIQT (Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil), a Embrapa Agronenergia e o Laboratório Cenergia (UFRJ). De acordo com o estudo, que teve parte dos números antecipados ainda na COP28, a implementação de tecnologias tradicionais e novas, ligadas à bioeconomia, tem o potencial de injetar US$ 592,6 bilhões em receitas anuais a mais no Brasil e reduzir as emissões de gases estufa no país em 28,9 bilhões CO2eq em 30 anos (2020 a 2050), ou seja, reduzir as emissões nacionais em 65%.
O estudo avaliou mais de 20 rotas tecnológicas e mais de 22 produtos da bioeconomia, de forma regionalizada, levando em consideração a eficiência energética, potencial de descarbonização, desmatamento zero, investimento e receitas. Os resultados foram construídos e validados com a participação do setor privado no processo de seleção de novas tecnologias com maior potencial técnico, econômico e ambiental.
“Os números destacam a importância de se avançar na descarbonização por meio de negociações internacionais e também da aprovação do Mercado Regulado de Carbono. O estudo confirma a vocação do Brasil para liderar a revolução tecnológica centrada na produção de baixas emissões de carbono. Um investimento que resultará em desenvolvimento econômico sustentável, para diversas partes do país”, explica o presidente executivo da ABBI, Thiago Falda.
Para os biocombustíveis, o potencial de produção seria de 570 milhões de metros cúbicos em 2050, que gerariam receitas anuais de US$ 234 bilhões. Para a cadeia de bioquímicos, a quantidade produzida em 2050 seria de 14 milhões de toneladas, gerando uma receita de US$ 34 bilhões por ano. Para a cadeia de proteínas alternativas para 2050, o potencial de produção é de 9,8 milhões de toneladas, gerando uma receita anual de US$ 114 bilhões por ano.
Ao somarmos todos esses setores e incluirmos os bioinsumos é possível recuperar 117 milhões de hectares no Brasil. Com essas ações, o potencial de mitigação em 30 anos (2020-2050) seria de 29 bilhões de toneladas de CO2 equivalente, o que corresponderia a preservar até 248 milhões de hectares de florestas nativas. Para que isso ocorra, serão necessários US$ 257 bilhões em investimentos que gerarão US$ 593 bilhões em receitas anuais até 2050.
Esse estudo conseguiu demonstrar o grande potencial de descarbonização mundial ao investir em bioeconomia, além de auxiliar outros países na mitigação das emissões que não possuem áreas agricultáveis, mas necessitam biocombustíveis para uma transição energética, bioquímicos para limpar sua matriz fóssil, e reduzir as emissões nos setores de proteína animal, além da possibilidade de compra de créditos de carbono na recuperação de áreas degradadas.