ABBI concede entrevista exclusiva ao NRGHub sobre a Bioeconomia e o Brasil

Com o tema ‘A Bioeconomia e o Brasil: Oportunidades e Desafios’, a entrevista discutiu sobre políticas públicas e inovações bioeconômicas

São Paulo, 26 de fevereiro de 2021 –  Em entrevista exclusiva ao NRGHub, Thiago Falda, atual presidente da ABBI compartilha sua visão sobre o cenário atual da bioeconomia brasileira, aponta oportunidades e desafios e destaca como o Brasil pode se tornar uma potência global neste assunto.

A bioeconomia tem sido considerada um pilar estratégico para o desenvolvimento econômico em diversos países (especialmente, os Europeus), podendo impulsionar a economia na ordem dos bilhões. Para Thiago Falda, presidente da ABBI, o Brasil possui diferenciais importantes que o permitem se tornar líder global da bioeconomia. “Temos a maior produção de biomassa e ao menor custo do planeta, a maior biodiversidade do mundo, uma agricultura sustentável e altamente eficiente, além de recursos humanos altamente capacitados e experiência prévia, e bem-sucedida, em biotecnologia.”, acrescenta.

Apesar das inúmeras oportunidades que a bioeconomia pode oferecer ao mercado brasileiro, o seu avanço ainda depende de melhorias no sistema de inovação do país, sendo necessário superar os entraves e gargalos. “Para aproveitar esse potencial, o país precisa criar um ambiente estimulante à inovação, permitindo o desenvolvimento de uma atmosfera propulsora de negócios. Isso só é possível com o estabelecimento de políticas públicas adequadas.”, complementa Thiago Falda.

A Frente Parlamentar Mista pela Inovação da Bioeconomia, lançada em 2019, debate abertamente temas relacionados a inovações biológicas e ao impulsionamento tecnológico e traz como objetivo principal, a construção de uma visão de futuro para o Brasil, consolidando-o como líder da bioeconomia global e referência tecnológica na transição para economia de baixo carbono. Além disso, o Presidente da ABBI aponta que o Brasil vem avançando no âmbito das políticas públicas. “Os normativos no âmbito do Marco Legal de Biossegurança, a recente ratificação do Protocolo de Nagoia pelo Congresso Nacional, o lançamento da Estratégia Nacional de Propriedade Industrial, o plano de combate ao backlog de patentes e a Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), são exemplos claros desses avanços.”

Em termos de desenvolvimento industrial, a complexidade do sistema tributário e a alta burocracia são entraves que necessariamente precisam ser solucionados. Soma-se a isso necessidade de se criar um ambiente adequado para atração de investimentos e a criação de mercado para bioprodutos.

Uma vez que o termo bioeconomia pode ser aplicado a vários segmentos, para o estabelecimento de políticas é necessário que seja delimitado um escopo. “Nesse sentido, a ABBI trabalha no contexto de que a bioeconomia engloba toda a cadeia de valor que é orientada pelo conhecimento científico avançado e a busca por inovações tecnológicas na aplicação de recursos biológicos e renováveis em processos industriais para gerar atividade econômica circular e benefício social e ambiental coletivo.” destaca Thiago Falda.

O que o Brasil vem fazendo para impulsionar a bioeconomia no mercado interno

Além da modernização de marcos regulatórios como os de biossegurança, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) vem atuando no desenvolvimento da bioeconomia por meio de diversas ações, com destaque para a iniciativa “Cadeias Produtivas da Bioeconomia MCTI”, que visa fortalecer cadeias produtivas baseadas na biodiversidade por meio do desenvolvimento científico e tecnológico, e o projeto “Oportunidades e Desafios da Bioeconomia – ODBio”, que visa sistematizar a bioeconomia brasileira para as bases da construção de uma Política Nacional de Bioeconomia.

Da mesma forma, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), lançou, em 2020, o Programa Nacional de Bioinsumos com o objetivo de ampliar e fortalecer a utilização de bioinsumos no país que propõem, entre outros pontos, a viabilização de investimentos em inovação e o desenvolvimento de cadeias produtivas regionais, fomento à pesquisa, estímulo à produção sustentável e redução de custos para produção e utilização de bioinsumos. Além disso, destaca-se a implementação, em 2020, da Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), que tem como principal objetivo contribuir para o atendimento aos compromissos assumidos pelo Brasil no âmbito do Acordo de Paris, por meio da introdução de mecanismos de mercado que reconhece a capacidade de cada biocombustível na redução de emissões de carbono.

Considerando o papel fundamental das startups no desenvolvimento da bioeconomia, foi aprovado recentemente pelo Senado Federal, o Marco Legal das Startups que permitirá o estabelecimento de um ambiente regulatório facilitado para o desenvolvimento das atividades de empresas inovadoras no país.

Falando sobre o futuro

Um estudo recente divulgado pela McKinsey prevê que 60% dos insumos físicos para a economia mundial poderiam ser produzidos biologicamente, com potencial de gerar globalmente, nos próximos 10 a 20 anos, cerca de US$2 trilhões a US$4 trilhões de impacto econômico anual direto. No Brasil, a ABBI estima que a biotecnologia industrial – um dos segmentos da bioeconomia – pode agregar ao Brasil, nas próximas duas décadas, aproximadamente US$53 bilhões anuais à economia e mais de duzentos mil novos postos de trabalho qualificados se fossem investidos aproximadamente US$132 bilhões ao longo dos próximos 20 anos. Esses números poderão ser multiplicados com a introdução de mecanismos de mercado para comercialização de créditos de carbono, que poderão ser gerados com base nas emissões evitadas pela adoção de produtos de base biológica e renovável.

A necessidade imediata de uma transição global para uma economia de baixo carbono para mitigar os efeitos das mudanças climáticas já é uma realidade. O ganho da sustentabilidade aliado ao potencial econômico que a bioeconomia traz tem acionado países do mundo inteiro para incluir o tema no centro de suas estratégias de desenvolvimento e crescimento econômico. Os compromissos assumidos pelos países no âmbito do Acordo de Paris vêm sendo refletidos na definição de metas pelo setor produtivo no caminho da neutralidade de emissões.

Assim, para Thiago Falda, Presidente da ABBI, a bioeconomia oferece caminhos viáveis e que contribuem significativamente no processo de transição para uma economia de baixo carbono e coloca o Brasil, com as políticas públicas adequadas, num patamar de protagonismo, convertendo suas vantagens comparativas em vantagens competitivas.

Fonte: NRGHub


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