Entrevista exclusiva com o deputado federal e coordenador temático de Biodiversidade e Meio Ambiente da FPBioeconomia, Rodrigo Agostinho

O deputado federal Rodrigo Agostinho (PSB-SP), coordenador temático de Biodiversidade e Meio Ambiente da Frente Parlamentar Mista Inovação da Bioeconomia, avalia em bate papo com a ABBI os desafios do Brasil na agenda de governança ambiental, social e administrativa e reflete qual o papel do Parlamento no desenvolvimento de políticas públicas sobre ESG.

ABBI: Os acordos da COP 26 e a Agenda 2030 da ONU estabeleceram metas importantes para os países, como a redução de combustíveis fósseis, estipulação de mercado de carbono, desenvolvimento de cidades sustentáveis e estímulo à produção inovadora e consumo consciente. A partir dos eixos de governança ambiental, social e administrativa, é possível avaliar quais os marcos e desafios a serem superados pelo Brasil em tal agenda? 

RODRIGO AGOSTINHO: O Brasil tem participado de todas as conferências da agenda de sustentabilidade da ONU, como a Conferência das Partes sobre Biodiversidade, a Conferência do Clima e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. O país é cobrado para trabalhar sua implementação, uma vez que temos um enorme potencial do ponto de vista de retirada de carbono da atmosfera. Ao mesmo tempo, somos o quinto emissor de gases de efeito estufa, notadamente por conta do desmatamento. Por isso, é fundamental que consigamos liderar a redução de gases de efeito estufa. A partir dos eixos de governança ambiental, social e administrativa, o Brasil deve não só firmar compromissos internacionais, mas sobretudo cumpri-los. É tempo de agir, e obviamente temos desafios maiores do que outros: no setor de energia, o Brasil é um grande produtor de energia limpa, porém a energia suja vem crescendo. Há desafios também na área de saneamento e na conservação da biodiversidade. Neste sentido, o Brasil pode ser um grande líder, mas devemos agir.

ABBI: Dentro da Câmara dos Deputados, há grupos parlamentares focados também em modernizar a legislação federal em prol do uso ético e sustentável da biodiversidade, como a Frente Parlamentar da Bioeconomia e a Frente Parlamentar Ambientalista.  Pensando nisso, qual é o papel do Parlamento no desenvolvimento da agenda de governança ambiental e transição energética para fontes limpas?

RODRIGO AGOSTINHO: As frentes parlamentares podem ajudar a criar a consciência necessária dentro do Parlamento para que avancemos em algumas políticas públicas. Para desenhá-las, precisamos da participação da sociedade, de financiamento, de governança e de legislação. Temos uma legislação ambiental brasileira grande, mas muito baseada no comando e controle, com uma série de lacunas do ponto de vista de Bioeconomia — ou seja, o incentivo à economia da floresta e da sustentabilidade. Possuímos um enorme desafio para entender como estruturamos o Mercado de Carbono e como trabalhamos uma perspectiva de que os negócios sustentáveis podem acelerar uma transição ecológica. Penso que as frentes parlamentares têm um papel importantíssimo no preenchimento dessas lacunas para que o Brasil assuma um protagonismo no tema. 

ABBI: Na sua opinião, qual a importância de políticas públicas para o fomento de práticas ESG nas organizações? 

RODRIGO AGOSTINHO: As empresas vêm trabalhando em uma estratégia muito forte de assumir os compromissos das práticas ESG — a questão social de governança e de meio ambiente — dentro de suas organizações. É o que estávamos acostumados a dizer no passado sobre a responsabilidade socioambiental das empresas, mas agora com uma roupagem moderna e atual, em que as grandes corporações de fato assumem um compromisso com a sociedade, com os colaboradores e os consumidores. É muito importante que tenhamos estratégias e políticas públicas para a implementação do ESG, e tenho certeza de que a Frente Parlamentar da Bioeconomia possui um papel muito relevante em todo este debate.